renúncia (ou memorial da dor)

Sim, ele achava que tudo estava perdido e olhava para os lados... não via mais nada nem ninguém. Achava ele: tudo mais tinha ido embora e só o que lhe restava era um pedido de desculpas entalado na garganta, com ares de choro. Mas desculpas... para quem? Nem ele sabia. Só queria pedir esse perdão.
Sair desse dilema... queria, mas não sabia como. Como lutar contra algo que não é palpável, que não se vê? Não sabia nem o que sofria e perdia, não enxergava o inimigo para atacar. Até que se sentiu no fundo do poço. E essa foi a salvação, por mais inacreditável que possa parecer.
Se sentiu tão no fundo desse poço, que não via mais formas de descer. Acreditou: não havia mais para onde cair... e o único, o óbvio caminho era a subida, e teve certeza de que tudo ia conspirar a seu favor, pois sua força voltou. A luz, que nunca havia abandonado voltou a brilhar forte nele. Olhou para o lado e enxergou um rosto, bem como tudo mais. Descobriu que sua luta tinha um fim... não podia enxergar o adversário, mas o combateu com a força que acreditava não ter mais e que surgiu com a esperança... as coisas começaram a mudar.
Tudo isso se passou em não mais que uma semana... mas é assim mesmo, as grandes batalhas da vida são curtas, bem como invisíveis e decisivas.
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Bernardo Amorim | 10:25 |